"A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

(Graciliano Ramos)



sexta-feira, 11 de julho de 2008

EFEITOS FISIOLÓGICOS DA PRÁTICA DE CICLISMO

Cláudio Quintanilha Siqueira
Muito se propaga a respeito dos benefícios das atividades aeróbicas como a corrida, a natação e o ciclismo, entre outras. O que pouca gente sabe é o porquê dessas atividades oferecerem tais benefícios.
Segundo Dantas (2003), o exercício físico realizado com objetivo de treinamento generalizado tem efeito sobre quase todos os grandes sistemas do organismo, mas é sobre os sistemas cardiocirculatório e respiratório que incidirão os efeitos melhor observáveis no que tange ao condicionamento orgânico. Portanto, de acordo com Powers & Howley (2000), citados por Marins & Giannichi (2003), "o adequado funcionamento do sistema cardiorrespiratório está associado diretamente à melhora da qualidade de vida".
A prática regular de atividades aeróbicas "irá acarretar uma série de adaptações em diversos níveis no organismo" (DANTAS, 2003), desde que seja realizado, conforme recomendam Marins & Giannichi (2003) de maneira a estimular grandes massas musculares, durante longo período de tempo. O que pode ser proporcionado pelo ciclismo.
As principais alterações fisiológicas proporcionadas pela prática de atividades cíclicas, como o ciclismo, podem ser observadas diretamente ou com o auxílio de exames específicos.
> Aumento de aproximadamente 80% no conteúdo de mioglobina nas fibras musculares, acarretando um melhor aproveitamento das reservas de glicogênio muscular.
> Como a principal fonte energética do sistema aeróbico é a gordura, ela tem seu aproveitamento enormemente aumentado, visto que "as gorduras só podem ser utilizadas no ciclo energético através do sistema aeróbico" (DANTAS, 2003). Portanto o percentual de gordura e o peso total são reduzidos quando os exercícios são acompanhados de controle alimentar.
O consumo calórico previsto para o ciclismo, considerando um indivíduo de 70 kg, pedalando a uma velocidade de 18 km/h é de 7 a 8 kcal/min, perfazendo um total de 420 a 480 kcal durante uma hora de exercício. Mas alertamos que estes valores são estimados, pois muitas variáveis influenciam no gasto calórico como, por exemplo, a eficiência motora da pedalada, o tipo de terreno, vento, combinação de marchas, idade, sexo etc.
> Havendo uma preponderância da atividade aeróbica, haverá um aumento do ventrículo esquerdo do coração, provocando um aumento do volume cardíaco acompanhado de uma maior densidade capilar. Além disso, provocará um aumento do volume de ejeção sanguínea, portanto "o aumento do volume de ejeção ou volume sistólico permite uma redução da frequência cardíaca de repouso." (DANTAS, 2003).
> Aumento do VO2máx, que é um parâmetro fisiológico que representa a "quantidade de O2 que um indivíduo consegue captar do ar alveolar, transportar aos tecidos pelo sistema cardiovascular e utilizar a nível celular na unidade de tempo." (LEITE, 1986), citado por Marins & Giannichi (2003). Em outras palavras, quanto maior for o seu VO2máx maior será a sua capacidade de realizar exercícios de longa duração, como uma maratona, por exemplo.
> Os níveis de colesterol e triglicérides são reduzidos. Observa-se uma violenta redução do perigoso LDL e aumento do "bom colesterol", o HDL, diminuindo o risco de coronariopatia.
> Provocam uma maior adaptação do organismo a temperaturas elevadas e uma capacidade de dissipação de calor mais rápida e fácil.
> Diminuição da viscosidade sanguínea.
> Aumento do número de linfócitos, responsáveis pela formação de anticorpos.
O American College Sport Medicine (ACSM) preconiza uma frequência para a prática de atividades físicas de 5 vezes por semana para que se obtenha um resultado satisfatório tirando, assim, o máximo proveito dos benefícios oferecidos pelo exercício, no entanto Marins & Giannichi (2003) recomendam que os iniciantes comecem com 2 vezes por semana e aumentem gradativamente, de acordo com as respostas físicas obtidas. Eles também alertam que uma frequência maior que 5 vezes por semana melhora o rendimento de forma desprezível e, por outro lado, aumenta significativamente o risco de lesões.
Quanto à intensidade, esta dependerá, segundo Marins & Giannichi (2003), diretamente do nível inicial do praticante, dos seus objetivos, idade e sexo. Mas, alguns fatores devem ser observados com relação à intensidade dos exercícios:
a) Intensidade maior aumenta o risco cardiovascular e de lesões ortopédicas.
b) Maiores intensidades estão associadas a menor adesão pelo desconforto físico gerado durante e depois do exercício. Lembra-se daquele amigo, novato, que você levou para uma pedalada e o garoto não aguentou o sacode? Sumiu, né?
c) Caso não vise competições a atividade deve ser de intensidade moderada e de maior duração.
d) O consumo de alguns medicamentos poderá alterar a frequência cardíaca.

Bom, agora saia da frente deste computador e vá pedalar.

Um abraço.

REFERÊNCIAS

MARINS, João C. Bouzas; GIANNICHI, Ronaldo S. Avaliação e Prescrição de Atividade Física: guia prático. 3ª ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

DANTAS, Estélio M. A prática da preparação física. 5ª ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

4 comentários:

Esther Camilo disse...

Obrigada pelas dicas. Já gostava de pedalar e agora estou ainda mais estimulada. Abraço!
Esther Camilo dos Reis
Agudos / SP

Nestor disse...

Conciso e claro o comentário. Deu-nos informações precisas e importantes, e mais, tecnicamente nos estimulou à prática do ciclismo. Valeu e obrigado.

Anônimo disse...

Obrigado pelas informações preciosas!
vou começar a pedalar SÉRIO apartir de julho de 2012!!!!!!

Pr. Jademir Barbosa disse...

Excelente artigo. Tenho 57 anos e amo pedalar.