A revista Veja Rio publicou na sua última edição uma matéria que, no mínimo, pode facilitar a vida dos ladrões de bikes no Rio de Janeiro, sem falar que pode até estimular aqueles que ainda não pensaram nesse nicho de "negócio". Como se já não bastassem os assaltos que vem ocorrendo em vários pontos da cidade do Rio - e outras também - a revista acaba de prestar um grande serviço aos ladrões, divulgando marcas e valores das bicicletas e acessórios, além de indicar os lugares frequentados pelos ciclistas. Confira
aqui a matéria e a sua repercussão perante a comunidade esportiva ou leia abaixo e deixe o seu comentário.
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Pedais de ouro
Cariocas aderem às bicicletas de alta performance, que chegam a custar o dobro do valor de um carro popular
Nuno e Carolina Nunes: 3 000 reais só em acessórios
Da orla aos parques, passando pelas vias mais movimentadas, basta olhar
ao redor para perceber que as bicicletas se tornaram um elemento
onipresente na paisagem carioca. Embora o caminho para transformar o Rio
numa capital amigável aos ciclistas seja longo e os cidadãos ainda se
sintam temerosos diante dos riscos de encarar nosso trânsito caótico, há
quem leve o esporte sobre duas rodas a sério. Diferentemente daqueles
que usam o meio de transporte para passear ou ir ao trabalho, essa turma
gasta como profissionais, investindo pesado nos equipamentos. Para se
ter uma noção, alguns modelos de bicicleta à venda por aqui chegam a
custar 50 000 reais. "Só não dormimos com elas porque não tem espaço na
cama", brinca a advogada Carolina Nunes, 36 anos, que se prepara para
competir na Áustria, em agosto, ao lado do marido, Nuno Nunes, 40 anos. O
casal é dono de quatro exemplares comprados por cerca de 15 000 reais
cada um. E os gastos não param por aí. Nessa conta ainda é preciso
incluir as despesas com os acessórios, que também não são nada baratos.
Do capacete às sapatilhas, lá se vão mais uns 3 000 reais.
Não basta ter dinheiro para seguir o exemplo do casal Nunes. É preciso
adotar ainda um estilo de vida quase militar e ter disposição de sobra.
Esse pessoal costuma acordar todo dia de madrugada, ali por volta das 4
horas, para pedalar em lugares como a Vista Chinesa ou as Paineiras.
Isso significa que eles não vão sair à noite no dia anterior e
provavelmente não poderão comer nada pesado (muito menos beber). A opção
pela saúde acaba restringindo a vida noturna e pode causar problemas ao
namoro especialmente se o parceiro ou a parceira não pertencer à
galera do pedal. "A solução é encontrar um namorado ciclista", brinca a
economista Michele Curvelo, de 41 anos, que, no ano passado, investiu
29 000 reais em um modelo mais moderno.
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A tecnologia é o principal fator responsável por elevar o que seriam
meras bicicletas ao status de artigo de luxo. Em sua maioria, elas são
constituídas de materiais modernos como a fibra de carbono, o que faz
com que fiquem muito mais leves, com cerca de 6 quilos apenas, e com
isso ganhem mais velocidade nas pistas. Do design aerodinâmico aos
aparatos de última geração, tudo é desenvolvido com foco nos atletas de
alta performance, mas aos poucos as inovações vão chegando à grande
indústria e acabam adotadas pelos ciclistas mais apaixonados.
De olho nesse público, começam a surgir espaços superespecializados no
assunto. Há dois meses, foi inaugurado um desses na Barra. Favorita dos
atletas que disputam o Ironman, um dos principais circuitos de triatlo
do mundo, a loja da marca americana Specialized ocupa uma área de 800
metros quadrados. São mais de 150 modelos expostos e há a possibilidade
de personalizar todo o equipamento. Seria algo como uma alfaiataria das
magrelas, onde o ciclista tem todas as suas medidas aferidas em
aparelhos dignos dos laboratórios de ficção científica. De acordo com a
força da pisada, por exemplo, escolhe-se o melhor pedal. Já com as
medidas dos ossos dos quadris é possível obter o selim mais adequado.
Evidentemente, isso sai caro. Com frequentadores do porte de Luciano
Huck e do técnico Bernardinho, o local cobra preços que são quase o
dobro do valor de um carro popular. Ainda falta muito para que, no
trânsito, os cariocas encarem e respeitem as bicicletas como qualquer
outro veículo. No que diz respeito às cifras, ao menos, elas já chegaram
lá.