"A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

(Graciliano Ramos)



terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O AZEITE DE OLIVA



Cláudio Quintanilha Siqueira

Alimentação balanceada e a prática regular de atividades físicas são os maiores aliados para a manutenção de uma boa saúde. No entanto, alguns alimentos merecem destaque pelas propriedades preventivas e terapêuticas que apresentam; além de serem uma boa fonte de energia para quem pratica esportes.
Juntamente com a videira, a oliveira (Olea europea) foi uma das primeiras árvores a serem cultivadas há mais de 5000 anos no Mediterrâneo e Ásia Menor. E, desde o século VII a.C. o óleo de oliva começou a ser investigado por filósofos, médicos e historiadores devido às propriedades benéficas ao ser humano.
Estudos mais recentes provaram que países onde a dieta é tradicionalmente rica em azeite têm uma incidência menor de problemas cardiovasculares, como é o caso dos povos mediterrâneos. No entanto, o seu consumo hoje não se restringe apenas às regiões produtoras e espalha-se por países mais distantes como o Japão, Austrália ou Brasil.
A palavra azeite origina-se do vocábulo árabe “Az-zait”, que significa “sumo da azeitona” e era utilizado originalmente pelos povos mesopotâmicos para untar o corpo para se proteger do frio, aliviar a dor e curar feridas, amaciar a pele e os cabelos, como combustível para iluminação, lubrificante de ferramentas e em ritos religiosos.
De acordo com o INMETRO, o “azeite de oliva é o produto obtido através do processamento do fruto das oliveiras, a azeitona, sendo que, para ser denominado como azeite de oliva o produto não pode apresentar mistura com qualquer outro tipo de óleo”. Ainda segundo o órgão, somente a certificação dá ao consumidor a garantia de que o produto está de acordo com os requisitos estabelecidos nas normas e regulamentos técnicos aplicáveis.
O azeite de oliva, por ser rico em ácidos graxos monoinsaturados, favorece o controle do colesterol, ajudando a reduzir o colesterol “ruim” (LDL) e mantendo o nível do “bom” colesterol (HDL). E, pela sua composição, favorece na prevenção e tratamento de várias doenças como: aterosclerose, trombose, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer (mama, próstata e trato digestivo), fortalece o sistema imunológico etc; além de possuir as vitaminas lipossolúveis A, D, E e K e auxiliar na absorção do cálcio, prevenindo ou combatendo a osteoporose.
Cientistas de diversas universidades européias publicaram um trabalho onde comparam exames de imagem de voluntários antes e depois do consumo do azeite de oliva e observaram que o hábito de consumir o óleo diminui os depósitos de gordura no abdômen. Ou seja, o consumo regular[1] do azeite de oliva evita o acúmulo de gordura visceral, que está relacionada a doenças cardiovasculares e diabetes.
O fruto das oliveiras também merece destaque. A azeitona apresenta propriedades que a torna uma excelente aliada da nossa saúde. Por não possuir colesterol e conter grande quantidade de ácidos graxos a azeitona pode prevenir o infarto do miocárdio, derrame e aterosclerose, pois ela inibe o acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos. As olivas contêm também as vitaminas A e E, fósforo e potássio, que previne as indesejáveis cãibras durante as pedaladas mais severas e regula os batimentos cardíacos; além de tudo, são grandes fontes de fibras, componentes fundamentais para o bom funcionamento do aparelho digestório. Já os hipertensos devem evitar o seu consumo devido à salmoura utilizada na conservação dos frutos.
Existem cerca de 270 variedades de azeitonas, no entanto, somente 24 são regularmente utilizadas na produção de azeite. A variedade das azeitonas e o tratamento do óleo depois da prensagem permitem a fabricação de diferentes tipos de azeite, que são classificados com base nas suas características organolépticas (sabor e aroma), analíticas (acidez) e pelo processo extrativo. Existem basicamente três tipos:

Extravirgem: o mais indicado para beneficiar a saúde. Tem sabor intenso e é o mais puro dos tipos de azeite, com acidez menor que 1 %. É obtido de uma única prensagem das azeitonas. Por não ser misturado a outros óleos e não sofrer a interferência do calor é o que possui maior concentração de antioxidantes.

Virgem: tem acidez de até 2 % e sabor menos acentuado que o extravirgem.

Refinado: são os azeites com acidez maior que 2 % ou com impurezas.

Puro: obtido pela mistura do azeite refinado com o virgem. Tem acidez máxima de 1,5%.


CURIOSIDADES

-Na época dos grandes descobrimentos, por volta do século XVI, o azeite era obrigatório nos navios, utilizado como base para o preparo de medicamentos.
-O período de maturidade e plena produção da oliveira situa-se entre 35 e 150 anos, mas conhece-se espécimes com 2000 anos.
-Os países da União Européia representam 81 % da produção mundial de azeite.
-A Espanha é o maior produtor de azeite, participando com 39 % da produção mundial.
-A Itália é o maior mercado consumidor, com 740 mil toneladas anuais.
-O Brasil está entre os 10 países de maior consumo mundial, no entanto, o consumo per capita (170 g/ano) ainda é muito baixo se comparado à Grécia (25 kg/ano) e Espanha (12 kg/ano).
-O Brasil não figura entre os produtores de azeite devido às condições climáticas desfavoráveis para o cultivo da oliveira.
-Quando bem conservado, abrigado da luz e do calor, o azeite tem o prazo de validade de três anos.
-São necessários de 4 a 5 kg de azeitonas para se produzir 1 litro de azeite.
-A cor não indica a variedade da azeitona, mas a fase de maturação do fruto. As azeitonas são verdes no começo do seu ciclo de amadurecimento e negras no final.
-Cada grama de azeite contem cerca de 9 kilocalorias.
-O chá das folhas de oliveira tem poder antioxidante 300 vezes maior do que o chá verde, mas, não podem ser utilizadas frescas ou secas porque elas possuem grande quantidade de taninos, que tornam a bebida amarga e impedem a liberação de nutrientes. Para serem utilizadas, as folhas devem ser transformadas em pó e depois industrializadas.
-Cada 100 g de azeitonas contêm 140 quilocalorias.


FONTES E REFERÊNCIAS

O poder do azeite. Revista SAÚDE TODO DIA, ano 2, n° 3, 2009.
http://azeite.com.br/
HTTP://oglobo.globo.com/vivermelhor
HTTP://saude.abril.com.br/edicoes/0289/nutricao/conteudo_250539.shtm.
http://wikipedia.org/
http://www.casadoazeite.pt/
http://www.inmetro.gov.br/
http://www.internationaloliveoil.org/
http://www.oliva.org.br/


IMAGENS
http://ttkitchen.blogspot.com

[1] O consumo recomendado de azeite de oliva, para que se obtenha todos os benefícios por ele proporcionados, é de duas colheres de sopa por dia.

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