Nos últimos anos foi possível
entender as causas biológicas que levam o cérebro a desenvolver o quadro
depressivo. Hoje sabemos que diversas áreas mudam seu funcionamento
devido à exposição prolongada ou a um quadro intenso ao stress. As
principais áreas que apresentam modificações em seu funcionamento e que
levam ao quadro depressivo são: o córtex pré-frontal, o hipocampo, a
amígdala e o córtex cingulado.
No córtex pré-frontal, três subáreas estão envolvidas:
1) O Ventro-medial - responsável por
mediar os aspectos conscientes relacionados com a dor, a ansiedade e as
ruminações - apresenta uma redução da massa cinzenta e um aumento de
ativação;
2) O Orbito lateral - normalmente envolvido na supressão ou modulação das respostas emocionais - tem sua ativação aumentada;
3) O Dorsolateral - envolvido, em
conjunto com o córtex do cíngulo, nas ações cognitivas, na memória de
trabalho, no gerenciamento da apatia e na alteração da atenção -
apresenta uma massa cinzenta e uma ativação diminuída.
O
Hipocampo - responsável pelo gerenciamento das memórias e na modulação
do humor - sendo a área mais vulnerável aos mecanismos de neurotoxidade
induzida pelo stress, tem sua massa cinzenta diminuída e uma ativação
elevada nos primeiros ciclos da depressão e, com o passar do tempo,
apresenta uma diminuição na sua ativação.
A Amígdala - responsável por mediar
valores emocionais positivos ou negativos aos estímulos e gerenciar as
memórias emocionais - apresenta tamanho e ativação aumentadas, porém,
principalmente em mulheres, tende a apresentar uma ativação diminuída se
o quadro se torna crônico.
O Córtex Cingulado - responsável
pelo monitoramento dos comportamentos através de base emocional,
regulação da motivação e da resposta simpática - apresenta uma ativação
excessiva no início e com o tempo torna-se hipoativo.
Em
nossos trabalhos com treinamento eletrofisiológico através da técnica
de neurofeedback, buscamos reestabelecer a ativação ideal das áreas
envolvidas na depressão e, durante as avaliações realizadas, sempre
observarmos um elevado grau de sincronia entre as diversas áreas
cerebrais, porém, a literatura não apresentava dados referentes a esse
fenômeno em pessoas depressivas. Mas, para nossa surpresa, no início de
2012, nos deparamos com um artigo que falava exatamente sobre o alto
nível de sincronia entre as áreas cerebrais em pessoas depressivas.
Desta forma, começamos a trabalhar em conjunto: o restabelecimento da
ativação e da sincronia nas áreas responsáveis pelo quadro depressivo.
Os resultados foram excelentes. Abaixo se encontra um resumo geral do
artigo.

Já
sabíamos que regiões do cérebro rigidamente sincronizadas obrigam o
cérebro ser inflexível. Assim, um cérebro que não pode desempenhar suas
funções de forma minuciosas e realizar seu processamento de forma
independente e específica, fica preso em um processamento geral,
semelhante a um computador travado, que mesmo processando não consegue
realizar suas tarefas básicas. Desta forma, parece que o cérebro do
depressivo entra em um processo disfuncional de ordem de ativação e de
sincronia, fazendo que todo seu processamento busque o mesmo objetivo,
ficando preso em um circulo vicioso, que geralmente tem como foco
informações negativas. Este processo acaba provocando um desgaste geral
no sistema nervoso, levando a pessoa não mais buscar a socialização e se
engajar em atividades, se mantendo sempre em um estado de cansaço e
desmotivação.
FONTE: abnaraneuro.blogspot.com.br/