"A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

(Graciliano Ramos)



quarta-feira, 13 de abril de 2011

Atividade física como meio de sobrevivência

Cláudio Quintanilha Siqueira

O ser humano vem buscando, ao longo de milhares de anos, meios que visam facilitar o seu dia a dia, tornando as atividades necessárias a sua sobrevivência menos penosas. Criaram utensílios para prolongar seus membros, ampliar sua força, cortar e furar. Como Blainey (2007) escreveu, criaram utensílios com “lascas de pedra em forma de pontas de lança, lâminas e outros instrumentos de corte e de perfuração[...]” (p.15), se distinguindo dos outros animais por “transformar a natureza, criando para si uma cultura. Embora essa intervenção tenha trazido, ao longo do tempo, melhorias à vida humana, provocou também grandes problemas.” (COTRIN, 2006, p. 11), como veremos à frente.


Diante da necessidade de obter alimentos e fugir de predadores, o homem realizava atividades físicas de forma natural e utilitarista como nadar, correr, saltar, subir em árvores e atirar objetos. No entanto, ao descobrir o fogo – “resultado de muitas ideias e experiências durante milhares de anos” (BLAINEY, 2007, p.15) - e inventar a roda por volta de 3.000 a.C., segundo o professor, o homem não só facilitou o seu cotidiano como também se tornou sedentário à medida que novas facilidades foram criadas e a domesticação de animais estabelecida. De fato, como afirma Cotrin (2006), quando grupos humanos desenvolveram a criação de animais e a agricultura, no período neolítico, foi possível o desenvolvimento de comunidades sedentárias.


Antes nômades, coletores e caçadores que, “para viver do que a terra oferecia, precisavam fazer longas caminhadas a lugares onde sementes e frutas pudessem ser encontradas.” (BLAINEY, 2007, p.7); as habilidades físicas eram de vital importância para a sua sobrevivência; hoje, o ser humano dispõe de tecnologia suficiente para que tenha tudo o que precisa à mão, sem a necessidade de gastos energéticos extras devido à redução da intensidade e da frequência dos exercícios físicos. Como atesta Cotrin (2006), durante a Pré-história, nas comunidades onde a sobrevivência dependia da caça e da coleta, havia a necessidade de migração constante quando as reservas naturais se tornavam escassas e o grupo se deslocava para outras regiões. “Por isso essas comunidades eram nômades.” (p.26), afirma o autor.


Tais comodidades apresentam implicações para a nossa saúde devido ao sedentarismo e aos maus hábitos alimentares induzidos pelas facilidades oferecidas por produtos industrializados. Bacurau (2009) alerta, inclusive, que em indivíduos sedentários o excesso de gordura da dieta pode se depositar no corpo, acarretando em obesidade e nos fatores de risco relacionados, provocando o aparecimento de problemas de saúde como hipertensão arterial, riscos coronarianos e Diabetes Mellitus tipo 2, entre outros. Falaremos mais sobre isso na próxima semana.



REFERÊNCIAS


BACURAU, Reury Frank. Nutrição e suplementação esportiva. São Paulo: Phorte, 6ª ed., 2009.


BLAINEY, Geofrey. Uma breve história do mundo. São Paulo: Fundamento, 2007.


COTRIN, Gilberto. Fundamentos da filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 16ª ed., 2006.

IMAGEM: http://www.pupulu.blogspot.com/

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