"A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

(Graciliano Ramos)



sexta-feira, 24 de abril de 2009

EFEITOS PSICOLÓGICOS DA PRÁTICA DE CICLISMO


Cláudio Quintanilha Siqueira

Além dos efeitos fisiológicos oferecidos pela prática de ciclismo, tema já abordado por este blog (Efeitos fisiológicos da prática de ciclismo), os benefícios psicológicos também aparecem com a devida importância.

A vida tem se tornado cada vez mais complexa e urgente. Todos temos pressa! Somos a cada dia mais e mais exigidos pelas circunstâncias. As exigências vêm de todos os lados. Desemprego, inflação, violência, poluição adicionam ainda mais estresse ao nosso dia-a-dia, afetando a nossa saúde mental e o bem-estar psicológico, e não é de hoje que muitas pessoas tentam compensar estes momentos com alguma atividade que lhes traga prazer e as faça esquecer por algum momento das aflições do dia-a-dia e dentre essas atividades estão os exercícios físicos. As pessoas descobriram que a prática esportiva, praticada preferencialmente em caráter não-competitivo, proporciona, além de um bom condicionamento físico, relaxamento mental, oferecendo ao praticante momentos de total desligamento dos problemas diários.

Segundo Werneck (2006) há demonstrações de que sessões agudas de atividade física promovem uma melhoria nos estado de humor, com a diminuição da tensão, ansiedade, depressão e raiva e aumentos no vigor, que podem durar horas após os exercícios.

Weinberg & Gould (2001) afirmam que pesquisas mais recentes indicaram que a atividade aeróbica de alta intensidade não é absolutamente necessária para produzir benefícios e que atividades como exercícios de peso ou resistência, ioga e outros anaeróbios tem produzido efeitos positivos sobre o bem-estar psicológico. Entretanto, “o exercício aeróbio parece potencializar esses efeitos positivos sobre o humor e sobre o estado psicológico...”

Um fenômeno bastante divulgado é o chamado “barato do corredor” (runner’s high), que ocorre quando o exercício vigoroso leva a pessoa a produzir endorfinas, que são liberadas durante exercícios longos e contínuos, com intensidade entre moderada e alta como a natação, a corrida e o ciclismo, causando uma sensação de bem-estar.

Todas as evidências sugerem uma relação positiva entre exercícios e bem-estar psicológico. De acordo com Weinberg & Gould (2001) várias hipóteses, tanto psicológicas quanto fisiológicas, foram propostas para explicar como o exercício funciona para aumentar o bem-estar e “é provável que mudanças positivas no bem-estar psicológico sejam devidas a interação de mecanismos fisiológicos e psicológicos”, pois “a saúde deixou de ser considerada uma condição meramente física e passou a ser concebida como uma interação de aspectos físicos, psicológicos e sociais.” (WERNECK, 2006).

Os pesquisadores propõem mecanismos psicológicos e fisiológicos como responsáveis pelos efeitos positivos do exercício sobre o bem-estar psicológico.

Explicações fisiológicas: aumento no fluxo sanguíneo cerebral, mudanças nos neurotransmissores cerebrais como a norepinefrina, endorfinas e serotonina, aumentos no consumo máximo de oxigênio e liberação de oxigênio para os tecidos cerebrais e redução na tensão muscular.

Explicações psicológicas: esquecer os problemas cotidianos, sensação aumentada de controle, sentimento de competência, interações sociais positivas e melhora no autoconceito e na autoestima.

Agora meus amigos, que tal deixar os problemas esvaírem numa boa pedalada?

Um abraço.


FONTES E REFERÊNCIAS


WEINBERG, Robert S.; GOULD, Daniel. Exercício e bem-estar psicológico, in: Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. São Paulo: Artmed, 2ª ed., 2001.


WERNECK, Francisco Zacaron et al. Efeitos do exercício físico sobre os estados de humor: uma revisão. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte e do Exercício, vol. 22-54, 2006. Disponível em http://www.eef.ufmg.br/sobrape/Artigo2_final.pdf. Data: 23/04/2009.


www.copacabanarunners.net/endorfina.html

Nenhum comentário: