"A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

(Graciliano Ramos)



quinta-feira, 22 de maio de 2008

ENTREVISTA - Eliana Garcia




Eliana Britto Garcia é bióloga, micro empresária, guia de ecoturismo, educadora ambiental e diretora do Clube de Cicloturismo do Brasil (http://www.clubedecicloturismo.com.br/). Viaja de bicicleta desde 1988 e já realizou várias expedições, com destaque para: Expedição Parques del Sur (4200km pelo Chile, Argentina, Uruguai e Sul do Brasil), Expedição Titicaca, Sertão Nordestino, além das travessias do Pantanal, da Chapada Diamantina, da Chapada dos Guimarães, da Serra da Canastra e Terra Ronca e Chapada dos Veadeiros.

1- Como surgiu a idéia de fundar o Clube de Cicloturismo do Brasil?

Surgiu da necessidade de troca de informações entre os praticantes, pois notávamos que muita gente já viajava de bicicleta, mas todos se sentindo muito isolados, sem saber que havia muitos outros praticantes. Outro motivo foi pela vontade de divulgar mais a atividade no país, mostrar que é uma coisa acessível, que com um condicionamento físico médio e um equipamento que não precisa ser top dá para fazer viagens fantásticas de bicicleta. Bastante gente também tem vontade de começar e não sabe por onde, porque realmente uma viagem de bicicleta envolve muitos detalhes. Por isso criamos o site cheio de informações práticas e com relatos de viagens, para incentivar e empolgar o iniciante.

2- Como você avalia, hoje, o cicloturismo no Brasil?
O cicloturismo está em amplo crescimento no Brasil. Hoje no Clube temos 10 mil cadastrados, de todos os estados do país, e este número cresce a cada dia. Cada vez mais pessoas percebem como é simples e fascinante viajar de bicicleta. Muitos empreendedores estão descobrindo também o cicloturismo como um bom mercado e com isso vem crescendo o número de agências que oferecem pacotes e passeios de bicicleta, hotéis com roteiros específicos, sem falar dos municípios de regiões turísticas que abraçaram o cicloturismo, como é o caso do Circuito Vale Europeu, em Santa Catarina.
3- Você já realizou alguma viagem solo? Quais?
Não, sempre viajei em companhia de mais uma ou duas pessoas. Mas creio que viajaria sozinha se não tivesse companhia, escolhendo bem os roteiros que oferecessem maior segurança. Por exemplo, não me arriscaria a ir sozinha para alguns locais onde já viajei, por serem muito isolados, mas há inúmeras opções de locais tranqüilos no Brasil.
4- Muitas pessoas me questionam sobre os riscos durante uma viagem solo. Você já teve algum contratempo relativo a assaltos ou coisa parecida?
Tenho muitos amigos, e amigas inclusive, que viajam sozinhos, por opção ou por não encontrarem companhia na época de férias. Nunca tive notícia de problemas com assaltos, somente furtos. Por exemplo de deixarem a bicicleta destrancada e entrar em algum comércio, e levarem alguma coisa da bicicleta ou até a própria, mas aí é dar bobeira demais. Tomando os cuidados mínimos o risco não é tão grande. É claro que se deve evitar as cidades grandes, principalmente as periferias delas. E é necessário estar sempre atento, principalmente quando se está sozinho não é bom ficar distraído. Mas isso vale para qualquer viajante e não especificamente para o cicloturista. Além disso, é importante ser discreto, quanto mais simples você e sua bicicleta estiverem, menos vão chamar a atenção.
5- Quais são os maiores riscos quando se viaja de bicicleta?
Os riscos são basicamente os de qualquer viajante. Você tem que tomar cuidado com o que come, com o que bebe e pra quem dá atenção. Um bom planejamento ajuda bastante para evitar surpresas desagradáveis. Saiba sempre a melhor época de se viajar na região, pesquise sobre o clima, as estradas, etc. Fora isso o mais importante é cuidar de sua segurança no trânsito: pedalar sempre equipado com capacete e luva, manter a bicicleta em boas condições, evitar pedalar à noite, seguir as normas de trânsito e principalmente, ir sempre devagar. Quanto maior a velocidade maior a gravidade das conseqüências no caso de uma queda.
6- Muitas pessoas ainda encaram o cicloturista como maluco. O que dizer para essas pessoas?
Para elas tentarem alguma vez, sentir de novo a alegria de se pedalar com liberdade. Pedalar e viajar são duas coisas que fazemos desde crianças e juntar as duas coisas não é tão absurdo assim. Há locais e pessoas maravilhosas no Brasil, só esperando que passemos de bicicleta para interagir. No começo os parentes e amigos estranham um pouco a idéia, mas logo que você volta da viagem com as histórias e fotos, todos ficam muito empolgados. Até a mãe da gente se acostuma um dia, e você acaba virando mais um motivo de orgulho pelas viagens que faz.
7- O que é o cicloturismo, em apenas uma palavra?
Magia!
8- Há algum assunto que eu poderia ter abordado e não o fiz? Você gostaria de comentar?
Acho que não. Excelente a iniciativa de criar o site e dar mais força para o cicloturismo. Parabéns e boas pedaladas a todos.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Condromalácia


Cláudio Quintanilha Siqueira
A condromalácia da patela é uma lesão da cartilagem articular da patela (cartilagem hialina) devido ao excesso de forças de cisalhamento ocasionadas pelo atrito entre o osso e a porção distal do fêmur. É um processo degenerativo da cartilagem articular da patela e dos côndilos femurais e ocorre principalmente quando envolve esforços repetitivos, sendo mais provável a sua ocorrência entre as pessoas que já sofreram algum tipo de trauma no joelho como luxação ou fratura, tendo um desenvolvimento gradual e caracterizado por uma dor difusa na área da patela.
Os fatores que podem desencadear a condromalácia patelar são o mau posicionamento do membro inferior, desequilíbrio muscular, excesso de atividade física ou atividade física imprópria causando, geralmente, uma pressão anormal da patela contra a superfície articular do fêmur durante os movimentos de flexão e estensão do joelho.
A dor, descrita como profunda e localizada, pode ser sentida ao subir e descer escadas, quando se efetua atividades prolongadas ou após ficar muito tempo com os joelhos flexionados. O joelho pode se apresentar com leve inchaço e sensível ao toque, observando-se, também, uma sensação de fricção quando se estende o joelho.
No caso específico de ciclistas, o problemas mais comum, que pode ocasionar a condromalácia pode ser o selim muito baixo ou muito anteriorizado, afetando a biomecânica da pedalada e sobrecarregando a região do joelho.
O tratamento consiste em repouso, crioterapia, medicação anti-inflamatória e exercícios específicos de fortalecimento e alongamento dos músculos da região da coxa, isquiotibiais, flexores do quadril e abdutores; porém a cirurgia pode ser necessária se existir desalinhamento da patela, não reversível com a fisioterapia.
A acupuntura tem mostrado também bons resultados no tratamento e no alívio da dor.
FONTES
FAGUNDES FILHO, Manoel Henrique Barcellos. As atividades de vida diária de portadores de condromalácia patelar. 2007. 56 f. Monografia (Licenciatura em Educação Física) - Curso de Educação Física, Universidade Luterana do Brasil, Canoas, 2007.

domingo, 11 de maio de 2008

Uma breve história da bicicleta

Cláudio Quintanilha Siqueira
Os primeiros documentos que mostram as inúmeras tentativas de desenvolvimento de um veículo de duas rodas movido à força humana datam dos séculos XV e XVI. Um dos esboços mais notáveis é o do artista e inventor Leonardo da Vinci, guardado até hoje no Museu de Madri. Nele o inventor traça os primeiros conceitos de transmissão de força através de correntes, princípio que continua sendo utilizado em todas as bicicletas.
Porém, somente em 1790, quando o conde Méde de Sivrac, na França, construiu o primeiro veículo movido a duas rodas, é que se deu início à história da bicicleta, que então tinha o nome de Celerífero. Tratava-se de um veiculo muito primitivo, onde duas rodas eram ligadas por uma trave de madeira e movidas por impulsos alternados dos pés sobre o chão.
No dia 5 de abril de 1816, no Parque de Luxemburgo, o barão alemão Karl Friederich Von Drais apresentou o seu invento que consistia numa direção adaptada ao celerífero e foi batizado de Draisiana. Com ele o barão percorreu o trajeto entre Beaun e Dijon, na França, a uma velocidade média de 15 km/h, registrando, assim, o primeiro recorde ciclístico da história.
Em 1820, o escocês Kikpatrick McMillan adaptou ao eixo traseiro duas bielas, ligadas por barras de ferro que funcionavam como um pistão, acionadas pelos pés, girando, assim, as rodas traseiras. O veículo, porém era ainda muito rudimentar e oferecia dificuldades de equilíbrio e muito desconforto para movimentar os pedais.
Em 1855 o francês Ernest Michaux e seu filho inventaram o Velocípede. Ele introduziu os primeiros pedais na roda dianteira, no entanto o veículo mostrou-se muito pesado.
Em 1865 nasce a Companhia Michaux, a primeira fábrica de bicicletas do mundo, que tinha 200 operários e produzia cerca de 140 bicicletas por ano, que eram vendidas por um preço exorbitante para a época.
Em 1870 surgiu a primeira bicicleta de metal. Os pedais ainda eram conectados diretamente à roda dianteira. As rodas de borracha sólida e os longos raios da roda dianteira possibilitavam um transporte mais macio. As rodas dianteiras tornaram-se cada vez maiores, pois os construtores descobriram que quanto maior fosse o diâmetro da roda dianteira maior era a distância percorrida com uma pedalada. Elas gozavam de grande popularidade entre os homens jovens e de posse (custavam em média seis meses de salário de um trabalhador comum), tendo chegado ao auge em 1880.
A roda com pneu foi utilizada pela primeira vez em uma bicicleta por um veterinário irlandês, cujo nome era Dunlop, que tentava oferecer ao seu filho uma pedalada mais confortável no seu triciclo.
A medida que os métodos de fabricação eram melhorados, o preço da bicicleta ficava mais acessível e todo mundo queria ter a sua. A mania de andar de bicicleta influenciou inclusive a roupas femininas, pondo abaixo as armações e os espartilhos (peças do vestuário feminino), instituindo um vestuário mais prático para as mulheres, aumentando a sua mobilidade. Em 1896 a feminista Susan B. Anthony disse que "a bicicleta fez mais pela emancipação das mulheres do que qualquer outra coisa no mundo".
O ciclismo atual possui três maneiras de utilização: transporte, lazer e esporte. Como meio de transporte, hoje, a bicicleta é utilizada em todo o mundo, principalmente por suas vantagens econômicas, além de não produzir nenhum tipo de poluição, ocupar menos espaço, não criar congestionamentos e oferecer melhorias para a saúde humana.
O ciclismo, como esporte de competição, possui atualmente diversas modalidades, cada uma com as suas características, sendo que várias delas são modalidades olímpicas. A UCI (União Ciclística Internacional) reconhece as seguintes modalidades competitivas: ciclismo de estrada, ciclismo de ultradistância, ciclismo de pista, ciclismo de montanha, cyclo cross, BMX, ciclismo de obstáculos (Bike Trial) e ciclismo de ginásios (indoor).
FONTE
História da bike. Disponível em www.caloi.com/indexp.php. Data: 16/08/2007. 04:30.